Quem poderá parar Pogacar no Tour?

Quem poderá parar Pogacar no Tour?

Desta vez, o momento decisivo aconteceu exatamente a 34,8 quilômetros da linha de chegada, numa subida exigente chamada Côte de la Redoute. E, na verdade, era esperado que fosse ali. Era evidente que Tadej Pogacar aguardaria por este obstáculo para fazer a diferença, como tantas vezes acontece nas corridas que disputa: ele ataca, se distancia dos adversários e os deixa apenas observando, impotentes diante de sua superioridade. O mais recente feito do campeão mundial esloveno aconteceu neste domingo, após 252 quilômetros e seis horas de pedalada na clássica Liège-Bastogne-Liège, o quarto monumento da temporada: vitória solo e consagração de uma campanha de primavera simplesmente extraordinária.

Sete vitórias em 14 dias de corrida

O desempenho de Pogacar nesta primavera é tão impressionante que poderia facilmente representar toda uma carreira. Tudo começou em fevereiro, com a vitória na Strade Bianche, a clássica sobre estradas de terra e subidas íngremes da Toscana. Nos quatro principais monumentos da temporada, Pogacar conquistou o terceiro lugar em Milão-Sanremo, venceu o Tour de Flandres, foi segundo em Paris-Roubaix e agora triunfou em Liège, enfrentando as onze colinas das Ardenas. No meio disso tudo, na última quarta-feira, ele também conquistou a vitória na Muralha de Huy, durante a Flèche Wallonne, somando dois clássicos vencidos em sequência.

Ao todo, foram 14 dias de corrida e sete vitórias — uma taxa de sucesso absolutamente impressionante, quebrando qualquer padrão comum. O próximo grande desafio, o Giro da Lombardia em outubro, parece ser quase um “bônus” para Pogacar, que já venceu esta prova quatro vezes consecutivas desde 2021. Com isso, ele alcançou um feito inédito: subir ao pódio em seis monumentos consecutivos, algo que nem mesmo o lendário belga Eddy Merckx conseguiu realizar. Comparado muitas vezes a Merckx, Pogacar comentou em Liège sobre seu lugar na história do ciclismo: “Sou ciclista porque me divirto, não para escrever livros onde meu nome aparece.”

Pogacar já é o terceiro maior vencedor de clássicos da história

Eddy Merckx acumulou incríveis 19 vitórias nos cinco superclássicos do ciclismo, um recorde que parecia inalcançável. No entanto, aos 26 anos, Pogacar já figura em terceiro lugar nesse ranking histórico, com nove vitórias. Ele divide essa posição com os italianos Constante Girardengo e Fausto Coppi, além do irlandês Sean Kelly, lendas do ciclismo de 100, 70 e 40 anos atrás, respectivamente. Agora, faltam apenas duas vitórias para igualar Roger de Vlaeminck, o segundo colocado, também belga.

E os rivais? Só resta aceitar a supremacia. Giulio Ciccone, segundo colocado em Liège, cruzou a linha de chegada cerca de um minuto atrás de Pogacar e comentou: “Ser derrotado apenas pelo Tadej não é exatamente uma vitória, mas chega perto.” Remco Evenepoel, considerado o principal desafiante de Pogacar, pouco pôde fazer desta vez. O belga, bicampeão olímpico, não conseguiu acompanhar o ataque decisivo e, isolado, terminou apenas na 59ª posição.

Pogacar comemorou mais uma vitória erguendo a bicicleta ao céu da tarde. Foi sua última aparição por enquanto: agora, o esloveno pretende fazer uma pausa, “tomar um bom café, curtir momentos com amigos e se afastar um pouco do mundo das corridas.”